Pressa

Pressa de que? Para que? A quem queremos provar? Onde queremos chegar?

Temos tanta pressa que não nos permitimos fazer nem desfrutar de nada; não digo o fazer por fazer, mas realmente f a z e r, com presença, com sentimento e “razão” /intelecto.

Temos tanta pressa que atropelamos as coisas, os momentos; atropelamos a nós mesmos a ponto de não nos olharmos mais.

De tanto nos prender ao tempo, não reconhecemos mais a hora (o momento), a fome, a beleza, o feio, o medo, a pausa pra atingir a tranquilidade de fazer as coisas com calma.

Queremos tudo pra ontem, se eu vi eu quero comprar; se tenho um desejo surge atrás um outro desejo que é o de satisfazer o primeiro o mais rápido possível e assim o ciclo segue. Se tenho uma ideia, quero concretizá-la, compartilhá-la; não me permito respirar mais.

Eu finalmente reconheci que tenho pressa. Não me lembro onde, nem quando começou. Talvez na adolescência, talvez no momento em que começamos a nos parecer mais com nossos pais, com os adultos e com a sociedade que nos cerca.

Ou talvez ela esteja relacionada à atualidade, ao mundo globalizado e à tecnologia. É tanta pressa que eu nem me dava conta.

Pressa para acordar, pressa para me locomover (ir de um ponto a outro, nem que seja pra descer e pegar uma encomenda, misto de pressa com preguiça, e me pergunto se não estão relacionadas?), pressa pra crescer, pressa pra estudar e aprender, pressa, pressa, pressa… não é a toa que somos a geração da ansiedade, do medo e do pânico.

Corremos sem parar e sem saber para onde estamos indo, pior, sem saber para onde queremos de fato ir. É receita pronta para ou tropeçar e cair ou bater de frente com alguma parede e se desorientar mais ainda.

Mas as vezes é preciso esse choque, esse baque, para que a gente pare de correr um pouco e se pergunte para onde estávamos indo, refletir sobre nossa jornada.

É engraçado que hoje, como professor de Yoga, me vi com pressa até de meditar, com pressa ainda de aprender e obter maestria, pressa para relaxar! Olha só como somos doidos!

Me vi sem paciência para relaxar e percorrer meu corpo mentalmente, mas percorrer mesmo, parte por parte e não aqueles relaxamentos ‘velozes e furiosos’ sabe? Aqueles que a gente põe no relógio os minutos que temos para relaxar.

Está tudo bem com isso, hoje vivemos nessa realidade, temos compromissos, responsabilidades, mas nos mergulhamos tanto e nos preocupamos tanto com essa rotina e com os outros, que deixamos e perdemos a paciência para nós mesmos. Outra receita para não termos mais paciência com nada e nem ninguém.

Perdemos a paciência no trânsito, ao dialogar novas ideias, ao conversar com alguém querido ou não, simplesmente perdemos a paciência e a curiosidade buscando “chegar lá”.

Mas eu volto a perguntar, onde é lá? É como se fosse um lugar único, imutável para todos os seres e eu digo que não, que é nosso “dever”, é nosso devir, é o que viemos fazer aqui na Terra… descobrir esse nosso lá, onde queremos chegar, quem queremos ser, ou melhor, quem nós somos.

Para isso não há pressa, converse com você mesmo e se permita a não ter pressa, mergulhar em cada pedaço do seu corpo e simplesmente sentir. Contemplar o horizonte e simplesmente sentir.

Desligue o celular, desligue o timer, desligue tudo e de fato mergulhe em você, na tua vulnerabilidade, na tua força. Eu ainda estou aprendendo, mas me comprometo a partir de agora, não deixar mais essa pressa consumir até o meu prazer. Mergulhe na sensação e no sentimento e… não tenha pressa!!

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